O Projeto Mutirão das Águas é patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Ambiental e executado pelo Consórcio CNS-GTA-ATECH-ASA, no Estado do Amazonas, especificamente no Lago do Mamiá (Município de Coari) e Lagos do Piranha, Castanho, Sacambú e Jaiteua (Município de Manacapuru).

Tem por objetivo promover o uso e conservação dos recursos hídricos e o desenvolvimento sustentável das regiões de atuação, por meio do apoio à organização social e produtiva das comunidades ribeirinhas, com foco no incentivo à criação de unidade de conservação de uso sustentável e ações voltadas para a educação ambiental, organização social e arranjos produtivos.


Adota como estratégia a articulação de parcerias, mobilização social, diagnósticos participativos e capacitação de lideranças com temáticas sobre organização comunitária, educação ambiental, políticas públicas, cidadania, gênero, associativismo, uso e conservação dos recursos hídricos, produção sustentável, unidade de conservação e construção de uma Agenda 21 comunitária.

Este Blog contém informações, notícias e contribuições dos membros da equipe executiva e técnica do Projeto e dos parceiros.



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segunda-feira, 21 de setembro de 2009

ENTREVISTA com Henrique Gealh

Mutirão das Águas - Fale sobre sua experiência com abelhas?

Herinque Gealh - Minha experiência com abelhas começou muito cedo, pois meu pai é apicultor. Por isso desde criança ele nos levava para o trabalho junto com ele. Para trabalhar com Apis mellifera, abelha que é conhecida por aqui como italiana, e que possui ferrão, é necessário usar equipamento adequado, isto é, uma roupa especial que protege o apicultor. Naquela época, eu e meus irmãos trabalhávamos com roupas improvisadas, e por isso sempre tomávamos muitas ferroadas, mas continuávamos na vida.

Continuei trabalhando com meu pai enquanto eu estava no Paraná. Vim então para o Amazonas para trabalhar com as abelhas sem ferrão, que são conhecidas por melíponas. Fiz um estágio de quatro meses com o Sr. Egydio Schwade com sua esposa Doroti e com seus filhos Adu, Maiká, Mayá e Luiz Augusto, que me acolheram de uma maneira muito especial na Casa de Cultura do Urubuí, em Presidente Figueiredo. Lá se realizam trabalhos com Apis mellifera e com melíponas, dessa maneira, pude ter uma intensa experiência no trabalho com abelhas aqui no Norte.

Fui convidado então a realizar a implantação de meliponários nas Comunidades Yanomami da calha do Rio Marauiá, na região de Santa Isabel do Rio Negro. Esse trabalho foi feito pela Secoya (Associação Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami). Após esse período, fui convidado a trabalhar no Instituto Iraquara, em Boa Vista do Ramos, que é um dos maiores projetos Meliponicultura no Estado do Amazonas. Atualmente estou ligado à UFAM na condição de graduando de Ciências Biológicas e realizo pesquisas como bolsista no LABEL, Laboratório de Abelhas da UFAM, sob orientação do Prof. Dr. Davi Said Aidar. E, a partir dessa experiência com abelhas venho sendo convidado a ministrar cursos de Meliponicultura.

MA - Como foi trabalhar com os meliponicultores do entorno do Lago do Piranha?

HG - O trabalho com os Meliponicultores do entorno do Lago do Piranha foi muito especial, já que pude observar o enorme potencial que área oferece aos que trabalham com abelhas. Pude admirar a florada dos tachizeiros e de muitas outras espécies vegetais que são fontes de néctar e pólen para as abelhas e que conhecemos por flora meliponícola. Além disso, os comunitários nos acolheram muito bem, foram alunos interessados e a participação deles foi primordial para o enriquecimento do curso. Quero agradecer ao Sr. Edu e ao Sr. Cristóvão, que disponibilizaram suas abelhas para a realização das aulas práticas e ao Sr. Dionísio por sua contribuição, nos explicando alguns aspectos da meliponicultura tradicional (cabocla) da região. A meliponicultura na região já vem sendo muito bem incentivada pelos programas do IDAM e da SEPROR

MA - A meliponicultura é uma alternativa viável como fonte de geração de renda para região?

HG - Sim. A região do entorno do Lago do Piranha apresenta uma excelente flora meliponícola, com grandes floradas, disponibilizando assim fontes de néctar e de pólen para as abelhas que por lá são abundantes. A espécie de meliponíneo mais recorrente naquela área é a Melipona compressipes manaosensis, conhecida por "Jupará", outra espécie encontrada foi a Melipona seminigra merrillae, chamada de "Jandaíra" e a Melipona rufiventris paraensis, conhecida por lá como "Jandairinha". Outras espécies são encontradas, mas as que foram citadas inicialmente tem grande potencial econômico. A atividade de meliponicultura pode apresentar alguns produtos de interesse econômico como mel, pólen, cerume, além da comercialização de colônias de meliponíneos desde que sejam produto de divisão artificial e que sejam produzidas por criadores autorizados pelo IBAMA.

MA - Como foi trabalhar pelo projeto Mutirão das águas?

HG - Foi uma experiência muito rica. O contato com as Comunidades, a possibilidade de melhorar a qualidade de vida das pessoas que moram em locais de pouco acesso, além do convívio com pessoas que vivem a Natureza em uma íntima comunhão, é como uma Dádiva para quem vive na metrópole. Entretanto, o mais significativo é o aprendizado que essas pessoas simples nos passam com seus exemplos de vida. Tudo isso foi possibilitado pelo trabalho no Projeto Mutirão das Águas.

MA - Deixe o seu recado no que se refere à meliponicultura para quem tem interesse na atividade.

HG - A atividade de Meliponicultura é uma das mais prósperas. Como dizem alguns: está na moda. Mas porque? A meliponicultura preserva a Floresta em pé, para colher mel é preciso que hajam flores, flores da floresta. As abelhas sem ferrão são responsáveis por 40 a 90 por cento da polinização das espécies vegetais. Tornar-se um meliponicultor é ser alguém que preserva uma espécie que é responsável pela multiplicação das florestas. Para algumas pessoas ser auto-suficiente é importante. A Meliponicultura permite que se colha o mel e o pólen que as abelhas produzem sem a necessidade de usar roupas especiais. E, é possível fazer isso num espaço pequeno, desde que existam árvores que floresçam por perto, além disso é uma ótima forma de lazer e de aprendizado para todos.

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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

ENTREVISTA com Andreza Oliveira

Andreza Oliveira é Engenheira de Pesca, formada pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e foi convidada pelo Projeto Mutirão das Águas para participar de uma oficina de capacitação sobre Manejo de Pesca junto às comunidades da RDS do Piranha. Esta atividade foi realizada no período de 2 a 4 de setembro de 2009, quando foi concedida esta entrevista.

Mutirão das Águas - Qual a diferença entre o Manejo de Pesca e Acordo de Pesca?

Andreza Oliveira- O Manejo de Pesca envolve procedimentos que são desenvolvidos de forma contínua e permanente, visando sempre a sustentabilidade da pesca enquanto atividade econômica e de subsistência. O Acordo de Pesca é um conjunto de medidas (regras) específicas definidas pelos comunitários , em consenso com diversos órgãos de gestão de recursos pesqueiros.

MA - Qual seria a proposta mais viável para as comunidades do lago do Piranha?

AO- O ideal seria o Manejo de Pesca, entretanto, os comunitários desejam que seja implantado o Acordo de Pesca. Neste caso, seria interessante aprofundar o debate e analisar os problemas e oportunidades, de forma que todos sejam contemplados e que seja diminuída a pressão da pesca por parte dos pescadores de “fora”.

MA - Em quanto tempo, seguindo todas as etapas necessárias, poderia se formalizar junto aos órgãos governamentais e o tipo de proposta escolhida pela comunidade do lago?

AO- Este procedimento requer um tempo relativamente longo para sua viabilização. De qualquer forma, depende do nível de interesse das comunidades junto às órgãos ambientais. É necessário protocolar documentos junto ao IBAMA, acompanhar a análise e parecer do órgão sobre o pedido de implantação da atividade. Todo esse procedimento pode demorar meses.

MA - Como foi a participação dos comunitários e qual foi o assunto de maior interesse?

AO- A participação foi positiva. O público foi reduzido, mas estiveram presentes os principais interessados, o que tornou a oficina mais dinâmica, facilitando o processo de discussão e assimilação de conceitos e procedimentos. O assunto de maior interesse foi o Acordo de Pesca, foco da maior parte da discussão durante a oficina.

MA - Fale um pouco da sua formação profissional.

AO- Sou engenheira de pesca e estou me especializando em Gestão Ambiental. Tenho experiência na área de pesquisa no INPA e junto ao Projeto PIATAM, com ênfase em trabalhos de morfologia de espécies e taxonomia. Atualmente, leciono no CETAM e atuo como consultora na área de Pesca.

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